O amor é um dos maiores temas de todas as épocas, sobre ele muito se escreveu e
se escreverá. As abordagens vão desde o romantismo adolescente e apaixonado,
passam pela cumplicidade madura dos casais mais experientes e, não raro, pelo
divã dos psicanalistas.
Palavras e conceitos são bem diferentes. A
maioria das nossas confusões afetivas parte da nossa incompreensão e da nossa
inexatidão com respeito aos conceitos.
"Um bom indicador da veracidade de
nosso amor por alguém é o quanto ele nos transforma, o quanto cedemos, vencendo
o nosso egoísmo e narcisismo e evoluindo para vivê-lo
intensamente" |
Afinal o que é o amor? Como é o amor? Existe realmente uma
única definição para um tema tão complexo ou estamos reféns do relativismo? E,
então, haverá tantas definições de amor quantas pessoas neste
planeta? |
Longe de desenvolver complicadas teses filosóficas a este respeito, sejamos
práticos, vamos primeiro definir o objeto do nosso amor: ele está centrado em
nós, no outro, ou em um tipo especial de relação entre nós e o outro?
Será que encontrei, de fato, o amor de minha
vida?Todos os dias você encontrará pessoas reclamando que não
encontraram o grande amor de suas vidas. Não encontraram? Não procuraram? Não
sabiam o que estavam procurando? Encontraram e não reconheceram? Encontraram e
não souberam valorizar?
Na vida, você não encontra o que procura, apenas
o que está preparado para encontrar.
Muitas pessoas se queixam da
ausência do par ideal, mas não percebem que estão vivendo a ilusão da busca da
sua outra metade e que, por consequência, se sentem divididos ao meio, seres
incompletos em busca de alguém que os complete.
Buscar a outra metade
significa delegar para outra pessoa a difícil missão de te fazer feliz e de
suprir faltas que sua personalidade apresenta e que só podem ser supridas por
você.
Seres humanos sempre serão “metades” diferentes que juntas não
formarão uma unidade, mesmo nos casos de amor mais lindos e perfeitos que você
conheça.
Quando duas pessoas “inteiras” se encontram podem ser felizes, já
duas metades...
Vale o conselho em tom de ironia e brincadeira: “Se você
quer ser feliz, não case; mas se quiser fazer alguém feliz, então case, pois
duas pessoas com esta filosofia contribuirão uma com a felicidade da
outra”.
União, expansão e crescimentoO desejo de
união amorosa é mais lúcido se for um desejo de expansão e crescimento, de
compartilhar universos diferentes em alguns aspectos, semelhantes em outros, mas
onde a busca pela semelhança total ou a convivência com diferença plena seriam
tolices.
Ninguém é responsável pela nossa felicidade e nem nós pela de
ninguém, mas somos todos co-responsáveis por participar na construção da
felicidade uns dos outros.
Entregar a outra pessoa “o fardo” de fazer
você feliz é eximir-se da responsabilidade sobre suas próprias emoções,
sentimentos e escolhas e assumir o confortável papel de vítima. Afinal, se não
der certo, a culpa é do outro que falhou em te fazer feliz.
Esse
comportamento de fazer com que o outro se responsabilize por nossa felicidade
caracteriza egoísmo, vaidade e narcisismo, pois parte do pressuposto que nós
somos muito importantes, a tal ponto que o outro tenha a “obrigação” de nos
fazer feliz. A pergunta é: Isso é amor pelo outro ou apenas por si mesmo?
Os dois casos mais frequentes nos relacionamentos amorosos são sempre os
das pessoas que se apaixonam pelo “espelho” (alguém extremamente parecido com
ela) e o daqueles que se apaixonam pelo seu oposto - alguém totalmente diferente
dela.
No primeiro caso a pessoa não se dá conta que está procurando a
confortável, porém, tola posição de não ter que aprender ou se adaptar a nada,
afinal vive com uma cópia de si mesmo, seja real ou submissa.
No segundo
caso, não se dá conta que está procurando alguém que compense as áreas não
trabalhadas da sua personalidade e das suas competências sociais, transferindo
ao outro tudo aquilo que tem dificuldade em fazer. Em ambos os casos, observamos
um nítido egoísmo de face facilmente reconhecível: o narcisismo.
Como
eternizou Caetano, “narciso acha feio o que não é espelho”.
Sejam quais
forem os caminhos escolhidos para falar do amor (paixão é outro tema)
perceberemos que amor é legitimamente um sentimento que parte de nós em direção
ao outro e não algo que esperamos parta do outro em relação a nós.
O
desejo de amor está ligado ao desejo de expansão, à presença simultânea das
semelhanças e diferenças. O sentimento de amor mais legítimo que podemos
conceber parte sempre de uma doação sem necessidade de submissão; de tolerância
sem necessidade de omissão; de compartilhar sem necessidade de auto-abandono.
Amar é somar, multiplicar e dividir, nunca subtrair.
Amar continua sendo
a maior aventura e o maior desafio da espécie humana!
Por isso, um bom
indicador da veracidade de nosso amor por alguém é o quanto ele nos transforma,
o quanto cedemos, vencendo o nosso egoísmo e narcisismo e evoluindo para vivê-lo
intensamen
te.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar
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