quinta-feira, 23 de junho de 2011

QUEM SOU EU?




Quem sou eu?

Não venha me falar de razão,
Não me cobre lógica
Não me peça coerência,
Eu sou pura emoção.

Tenho razões e motivações próprias,
Me movimento por paixão,
Essa é minha religião e minha ciência.

Não meça meus sentimentos,
Nem tente compará-los a nada,
Deles sei eu.

Eu e meus medos,
Eu e minha alma.

Sua incerteza me fere,
Mas não me mata.
Suas dúvidas me açoitam,
Mas não deixam cicatrizes.

Não me fale de nuvens,
Eu sou o Sol e a Lua,
Não conte as poças,
Eu sou o mar,
Profundo, intenso, passional.

Não exija prazos e datas,
Eu sou eternidade e atemporal.
Não imponha condições,
Eu sou absolutamente incondicional.
Não espere explicações,
Não as tenho, apenas aconteço
Sem hora,
Local ou ordem.

Vivo em cada molécula,
Sou um todo e às vezes sou nada,
Você não me vê,
Mas me sente,
Estou tanto na sua solidão,
Quanto no seu sorriso.

Vive-se por mim,
Morre-se por mim,
Sobrevive-se por mim,
Eu sou começo e fim
E todo o meio.

Sou seu objetivo,
Sua razão que a razão
Ignora e desconhece,
Tenho milhões de definições,
Todas certas,
Todas imperfeitas,
Todas lógicas apenas.
Em motivações pessoais,
Todas corretas,
Todas erradas.

Sou tudo,
Sem mim tudo é nada.
Sou amanhecer,
Sou fênix,
Renasço das cinzas,

Sei quando tenho que morrer,
Sei que sempre irei renascer,
Mudo protagonista,
Nunca a história.
Mudo de cenário,
Mas não de roteiro.

Sou música,
Ecôo, reverbero, sacudo.

Sou fogo,
Queimo, destruo, incinero.

Sou vento,
Arrasto, balanço, carrego.

Sou tempo,
Sem medidas, sem marcações.

Sou furacão,
Destruo, devasto, arraso.

Sou água,
Afogo, inundo, invado.

Sou clima,
Proporcional à minha fase.

Mas sou tijolo,
Construo, recomeço...

Sou cada estação,
No seu apogeu e glória.
Sou seu problema
E sua solução.

Sou seu veneno
E seu antídoto,
Sou sua memória
E seu esquecimento.

Eu sou seu reino, seu altar,
E seu trono.
Sou sua prisão,
Sou seu abandono e
Sou sua liberdade.

Sua luz,
Sua escuridão
E seu desejo de ambas,

Velo seu sono...

Poderia continuar me descrevendo
Mas já te dei uma idéia de quem sou...

Muito prazer! Tenho vários nomes.
Mas aqui, na tua presença,
Chamam-me de Amor.
Autor Desconhecido

Um comentário:

  1. “Não sei quem sou, que alma tenho.
    Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
    Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
    Sinto crenças que não tenho.
    Enlevam-me ânsias que repudio.
    A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
    traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
    nem ela julga que eu tenho.
    Sinto-me múltiplo.
    Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
    que torcem para reflexões falsas
    uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
    Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
    eu sinto-me vários seres.
    Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
    como se o meu ser participasse de todos os homens,
    incompletamente de cada (?),
    por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

    Fernando Pessoa

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